A falta que você faz, pai

Alessandra da Veiga
2 min readAug 8, 2021

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Imagem via Unsplash

Oi diário! Hoje é dia dos pais. Essa data não faz parte da minha lista de dias comemorativos desde que eu sou muito nova.

Não tive um pai presente e por muito tempo eu fiquei com raiva disso. Por muito tempo eu senti rancor aquele que ajudou a me trazer ao mundo, pois não esteva presente pra me buscar na escola, pra me ensinar a fazer o dever de casa, pra me dar um conselho. Me dizer que que estava bonita ou me buscar nas festas de 15 anos. Eu não tive nada disso.

Apesar de tudo, hoje eu não sinto mais rancor. Eu só fico triste porque, no fundo, mesmo que minha mãe tenha sido uma super mãe, eu queria poder comemorar essa data.

Acho que hoje eu só queria poder dizer que sim, a presença dele fez e ainda faz muita falta. Mas, sobretudo, queria contar sobre a mulher que me tornei. O abandono paterno deixou cicatrizes em mim que vieram à tona inúmeras vezes com os caras com quem me envolvi.

Tem algo sobre ele que minha mãe já comentou: que o meu jeito é o mesmo que o dele. Talvez a vontade de abandonar tudo quando as coisas apertam também seja uma característica que puxei dele.

Eu queria poder contar que tô trabalhando, que tô fazendo o que eu gosto, que tenho um namorado e que vamos nos mudar para um apartamento. Dizer que sou uma poeta cujos sentimentos e palavras afloraram devido às inúmeras situações que ele fez falta.

Eu queria dizer que, apesar da falta, eu gostaria de estar perto e contar outras coisas, principalmente que a minha mãe nunca me abandonou.

Eu queria tantas coisas hoje, mas o abraço é o principal desejo.

Talvez seja isso…

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Nota: o relato acima foi retirado do meu diário onde venho documentando meu ano à mão desde 11/01.

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Alessandra da Veiga

Escrevo. Poeticamente e profissionalmente. Sou jornalista e redatora SEO, mas aqui escrevo o que eu quis dizer. Do meu coração para seu dispositivo móvel.